Um total de 72 crianças estão desaparecidas como resultado dos ataques terroristas recentes no distrito de Chiùre, na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, de acordo com informações divulgadas pelas autoridades locais na última segunda-feira.

Albertina Ussene, diretora provincial do Género, Criança e Ação Social de Nampula, província onde se situa o distrito de Eráti, que está acolhendo os deslocados de Chiùre, afirmou que "Devido à fuga da população de Chiùre para Eráti, temos um total de 61 famílias que reportaram o desaparecimento de suas crianças. Até o momento, conseguimos reintegrar 29 crianças, deixando um saldo de aproximadamente 72 desaparecidas."

Ussene fez esses comentários durante uma reunião entre os governos das províncias de Nampula e de Cabo Delgado para discutir a situação das comunidades afetadas pelos ataques de grupos armados na região.

Ela explicou que estão em andamento esforços para localizar as crianças desaparecidas e reunificá-las com suas famílias.

"Iniciamos a comunicação com nossos colegas em Cabo Delgado para localizar as crianças desaparecidas e reunificá-las com suas famílias", enfatizou Albertina Ussene. Ela também revelou que 67 mulheres grávidas fugiram das aldeias atingidas pela violência armada em Chiùre, buscando refúgio em Eráti, onde recebem apoio psicossocial e cuidados pré-natais.

Após meses de relativa calma nos distritos afetados pela violência armada em Cabo Delgado, a província tem enfrentado novas movimentações e ataques de grupos rebeldes nas últimas semanas. Esses incidentes têm restringido a circulação em certos trechos das poucas estradas asfaltadas que conectam diversos distritos.

De acordo com informações oficiais, a nova onda de ataques levou 67.321 pessoas a fugirem de suas comunidades. O governo moçambicano justifica essas incursões como resultado da "movimentação de pequenos grupos de terroristas" que se deslocaram de suas bases em direção ao sul de Cabo Delgado, após um período de relativa estabilidade.

Há seis anos, a província de Cabo Delgado tem enfrentado uma insurgência armada, com alguns ataques reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico. Em resposta a essa insurgência, uma ação militar foi iniciada em julho de 2021, contando com o apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC). Essa ação resultou na libertação de distritos próximos aos projetos de gás, porém novos ataques surgiram ao sul da região.

De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), o conflito já provocou o deslocamento de um milhão de pessoas, e o Projeto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (ACLED) relata aproximadamente 4.000 mortes em decorrência desse conflito.

Fonte: CM Jornal